Conjunto de iniciativas promovidas pela Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Integrada num conjunto de iniciativas promovidas pela Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra (LAHUC), tendentes a comemorar os 30 anos do Serviço Nacional de Saúde *vai ser plantada uma oliveira – árvore da paz -, no Parque Verde do Mondego junto do Pavilhão Centro Portugal, no próximo Sábado, dia 19 de Setembro, pelas 16 horas,* que contará com a presença do Dr. António Arnaut.
É importante a presença de todos aqueles que acreditam e defendem o Serviço Nacional de Saúde.

Comparece e divulga esta informação.
João Silva

João Silva

A Avenida Fernando Namora está outra vez em obras, socorroooooooooooo……

Hugo Duarte

A Declaração de Coimbra – Em defesa do Serviço Nacional de Saúde, pode ser subscrita em:

www.peticao.com.pt/declaracao-de-coimbra

A carta do leitor que o DC não achou pertinente publicar.

Obras e mais Obras, Lixo e mais Lixo em Coimbra

 
            As ruas desta cidade parecem um estaleiro de obras todo ano, o pó e o barulho pairam no ar, os passeios estão negros de esterco, cheira mal em muitos sítios e as moscas não largam as pessoas. Os prédios novos ou acabados de pintar ficam rapidamente sujos do pó proveniente das valas abertas. Por exemplo, resido na Avenida Fernando Namora, foi rasgada tantas vezes este ano que já lhe perdi a conta. Não percebo como nestas artérias principais para cablagem e tubagens diversas não existe uma calha comum onde todas as empresas introduzam os seus meios de comunicação. Esta utilização acompanhada do pagamento à instituição encarregue de gerir este serviço publico. A isto chama-se ordenamento do território, palavra pouco utilizada e aplicada na Câmara Municipal de Coimbra.     

            A Avenida Fernando Namora é daquelas avenidas em que quase tudo está mal, como tantas outras desta cidade. Esta avenida serve de circular externa, quando na realidade ela só está preparada para receber o trânsito local, cheia de vias de entrada e de saída da mesma. O volume de tráfego é enorme durante todo o dia, os sinais limitadores de velocidade e os protectores sonoros em acrílico estão por instalar, o barulho é imenso ao longo do dia e grande parte da noite. Os buracos e lombas que pontuam de forma irregular por esta avenida danificando as viaturas. As rotundas que dão saída para a Quinta da Lomba e Casa Branca tornaram-se o ganha-pão dos bate-chapas, tal é número de acidentes nelas ocorridos. Estes acidentes são em grande parte originados pela falta de visibilidade das entradas anteriormente referidas. Esta avenida e os seus acessos ficam no inverno frequentemente inundados e obstruídos de pedras e terra provenientes das urbanizações da vertente do Chão do Bispo – Areeiro. O único local arranjado é interior das rotundas, um fantástico condomínio para os cães vadios, muitas vezes juntos em matilhas, até que um dia aconteça alguma desgraça com uma criança que se dirija às muitas escolas da zona.

            Senhor Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, onde pára o dinheiro pago em impostos cada vez que se adquire uma casa nesta cidade? Estado mínimo nos serviços, máximo nos impostos!

            Que raio de Amor tão sádico.

Hugo Duarte                                                                                                    Geógrafo

As homenagens de Carlos Encarnação

            O Presidente da Câmara Municipal de Coimbra tem homenageado algumas das principais referencia culturais do nosso país e desta cidade, Miguel Torga, António Portugal ou José Afonso entre outros.

            A homenagem de uma instituição a uma personalidade da cultura deve ser consubstanciada por políticas culturais que não sejam totalmente contraias há visão cultural do homenageado. Assim sendo, é melhor deixar as homenagens para outros identificados de forma mais genuína com os agraciados.

            Os nomes anteriormente referidos foram gente que encarou as políticas e práticas culturais como algo fundamental nas mudanças sociais, esta perspectiva traduziu-se nas revoluções estéticas das diferentes artes.

            A admiração que Carlos Encarnação nutre por estes vultos da nossa cultura não é o que coloco em causa, embora todos possamos achar pouco relevantes estas homenagens, um conjunto de efemérides ocas vazias de sentido, cheias de palavras vãs.

            A comprovação da pouca importância que estas homenagens revelam é a manutenção de Mário Nunes durante 8 anos à frente do pelouro da cultura. Este autarca entende a cultura como um simples elemento de acomodação social à realidade. Mário Nunes, não vê a cultura como um instrumento fundamental para a evolução da nossa sociedade, quebrando dogmas e preconceitos instituídos
            Mário Nunes com o consentimento de Carlos Encarnação transformou a dinâmica cultural de Coimbra, num imenso Portugal dos Pequeninos, em que recordamos os pobres entretenimentos idos dos tempos dolorosos de um Portugal cinzento governado por Salazar. Os tempos negros de que alguns teimam em relembrar apenas as poucas actividades de lazer, tantas vezes trabalho confundido com diversão.

            A Baixa é muitas vezes um verdadeiro simulacro, ruas despidas de gente, com ranchos folclóricos, bandas filarmónicas, grupos etnográficos e de fados que às vezes quase que bizarramente pontuam pela aquele cenário tão belo quanto triste pela ausência de gente, tocando somente para turista ver.

            Respeito e admiro estas actividades culturais e lúdicas, devem ter naturalmente o seu espaço, mas reduzir a política cultural de uma cidade a isto é curto, muito curto.
Onde está o Conservatório dedicado às Artes, os Encontros de Fotografia, um Teatro Municipal no centro da cidade, digno de desse nome, tudo isto capaz e transformar a noites perigosas da baixa em noites animadas.

            Onde está uma política cultural articulada que seja capaz de encher de vida as muitas infra-estruturas culturais existentes pelas 31 freguesias de Coimbra.

            O site da C.M.C. nem sequer dá atenção às enumeras actividades culturais espalhadas por todo o Concelho, aptidão para artes que o povo de Coimbra que não desiste de mostrar.
Nem com sangue novo Carlos Encarnação atenua a sua falta de visão para a política cultural, não dando atenção a todas as formas de expressão cultural, o ensino, a produção e a exibição tendo em conta todas as suas freguesias, bairros e aldeias. Quando o maestro da banda não organiza não há músicos que valham.

            Quem demonstra tão pouca ambição cultural para esta cidade, não deve homenagear pessoas que marcaram profundamente esta cidade, tanto fizeram pelo enriquecimento cultural do mundo.

            Estas homenagens pertinho das eleições podem dar azo a mal-entendidos, as mentes mais “perversas” podem pensar que é eleitoralismo. Será que é?

            Amor assim não vale!

 

Hugo Duarte

Não sabemos lidar com o risco

            A sexta-feira dia 21 de Agosto de 2009, colocou a nu todas as fragilidades do país no que diz respeito à previsão e medidas de minoração de catástrofes e acidentes naturais.
Os primeiros a falhar foram os cidadãos. As arribas da praia Maria Luísa em Albufeira são instáveis, mas não é preciso nenhum técnico para reconhecer o perigo, basta somente estar atento. Por outro lado, não compreendo a definição do INAG, a diferença entre perigo e perigo eminente. O perigo implica sempre imprecisão na ocorrência, se tal não acontecer, não é perigo ou risco.

            A sinalética apesar de ser reduzida era suficiente, tendo em conta que o perigo estava ali bem à frente dos olhos com dezenas de metros de altura. No entanto as vedações, a vigilância do nadador e polícia marítima poderiam ter um papel vital na prevenção destes acidentes.
Assim que deu o desabamento, tudo continuou a correr mal. A praia não foi evacuada, não houve um responsável que de imediato começou a transmitir algo aos órgãos de comunicação social permitindo especulações.

            Os topos das falésias da enseada encheram-se de observadores, se de facto as falésias estavam instáveis devido aos fenómenos já explicados, um sismo nas 48 horas anteriores e as marés vivas, a pressão no topo das colinas poderiam provocar novos desmoronamentos.
Os bombeiros e outros agentes da protecção civil, correram perigo de vida desnecessariamente Estes escavaram toda a tarde mesmo ao lado da falésia parcialmente desmoronada, enquanto a maré subia factor que poderia continuar o processo de instabilização, quando já não poderiam salvar qualquer vida.

            Este ano fui de férias para a Nazaré, onde vi coisas impressionantes. Pessoas a recolher argila mesmo no sopé da conhecida falésia do sitio, apesar da sinalética e a zona vedada com fitas. O acto de tirar argila da base da vertente só por si é instabilizador desta vertente já instável, com um historial de desabamentos e deslizamentos impressionante. No topo da vertente, no sítio os turistas vislumbravam descansadamente a magnífica planta da Nazaré, ignorando as placas de alerta para o perigo. Enquanto tudo isto acontecia, a polícia marítima recolhia algumas bolas dos jovens que se divertiam jogando vólei perto do mar, mas dentro da zona concessionada às famosas barracas às riscas.

            À noite a polícia aparecia no meio da avenida principal, cheia de gente transmitindo a sensação de segurança. A segurança dos cidadãos depende de imensos factores, muitos mais que a sempre apetecível e fácil criminalidade em que toda a gente pensa.
Na mesma tarde, Fernando Seara fugia às suas responsabilidades, atirando as culpas para a mão criminosa sobre um incêndio. Os dados dizem que a esmagadora maioria dos incêndios decorre de negligência das populações locais ou transeuntes, a limpeza das matas é um factor de diminuição dos impactos do fogo.

                O senhor presidente da câmara obviamente não cumpriu a sua função de limpeza da floresta e manutenção dos aceiros limpos, só assim se compreende que mais de 500 bombeiros com 135 viaturas tenham levado um dia a apagar este incêndio mesmo às portas de Cintra.
O país precisa estar mais atento à organização da sua protecção civil. Nunca se esqueça, o primeiro agente responsável é você, primeiro cumpra a sua parte, depois exija com toda veemência a eficácia às autoridades responsáveis.

            É pena que haja tantos geógrafos desempregados, os únicos especialistas capazes de articular e coordenar todos os pontos desta área de saber e de acção. Não falo em causa própria uma vez que me dediquei ao ensino, embora nunca esqueça o alerta para esta problemática dos riscos naturais. O sucesso da minoração do risco depende todos.

Hugo Duarte                                                                                   

Coimbra, Cidade do Conhecimento

Num esforço de mudar a sua imagem (ou numa insistente procura de nova identidade) Coimbra assume-se mais recentemente como uma “Cidade do Conhecimento”.. Pelo menos é a imagem que tenta transparecer e, julgo, é o que diz a nova placa relativa a esta cidade na principal auto-estrada do país..

Mas até que ponto Coimbra quer mesmo ser cidade do conhecimento? Que medidas estão a ser tomadas para além da referida placa?

 

É que entretanto outros, sem marketing, agem…

Cartaxo terá “Cidade do Conhecimento” dentro de cinco anos

 

 

Daniel Tiago

 

O PS COIMBRA E MANUEL ALEGRE

Manuel Alegre despediu-se, no passado dia 23, da actividade parlamentar, depois de 34 anos em que se assumiu, sempre, como homem de Coimbra e foi em sucessivos mandatos Deputado do PS por Coimbra.

Do PS Coimbra não se ouviu, nesse momento, uma palavra.

É o silêncio eloquente da falta de memória e da mesquinhez política que faz sobrepor ao essencial as divergências circunstanciais ou os incómodos de uma voz livre.

Os actuais dirigentes do PS Coimbra demonstraram assim, mais uma vez, a sua dimensão política e a forma como entendem o património e a história do partido.

Manuel Alegre quer queiram quer não, e apesar de todas as divergências locais que com ele possam ter havido, não foi, nem decerto continuará a ser, um socialista qualquer e o PS Coimbra tem para com ele uma dívida de gratidão.

Muitos cidadãos de Coimbra votaram e apoiaram o PS por causa de Manuel Alegre, assim como outros se fizeram militantes também por causa de Manuel Alegre.

Mas do actual PS Coimbra não seria de esperar outra coisa. Aliás, hoje, o PS Coimbra é uma amálgama inconcebível de falta de ideias, de projectos e de rostos locais para encabeçarem um projecto partidário. Basta olhar para os cabeças de lista para Deputados, para a Câmara e para a Assembleia Municipal – três independentes.

O PS Coimbra está transformado numa árvore seca incapaz de produzir frutos qualificados para os combates que um partido político de poder, com um relevante património político na cidade, tinha obrigatoriamente de apresentar.

O PS Coimbra parece não passar de uma pura empresa de casting, que selecciona uns candidatos para uma produção circunstancial de que nem ele próprio é capaz de fazer o guião.

Como é que militantes e eleitores se podem rever num partido sem bandeiras e sem rostos próprios, um partido puramente calculista e acobardado, sem a coragem que esteve na sua origem e na sua afirmação.

Por tudo isto é fácil perceber o silêncio senão a alegria, de alguns dirigentes, por verem Manuel Alegre fora do Parlamento. As ideias e os ideais incomodam, para mais quando, estranhamente, num momento decisivo se apela ao pragmatismo.

Por tudo isto será que ainda fará algum sentido ser socialista em Coimbra? Para defender o quê e para lugar por quê se o partido começa a não ser mais do que uma ficção?

 

João Silva

A Manuel Alegre

Parágrafo, nunca mais um

virgulas, onde escrevem corrido

Ponto, nunca final

Vogais bem abertas, nos silêncios pastores

Palco, na pateada

De passagem, nos corredores

Esbandalhas jogo partido

 Não te ficas pelo sinal

Jogas-te, por todos e não por um

Trunfas, sempre vermelho Portugal

 

António Madeira, Coimbra, 24 de Julho de 2009

AMOR EM TEMPO DE ELEIÇÕES

Tenho hesitado sobre a escrita nos próximos tempos. Não quero correr o risco de ser mal interpretado e acusado de contribuir para a vitória ou derrota de alguém, ou vice-versa.

Não resisti, contudo, a algumas letras antes das férias, espicaçado, sobretudo, pelo ambiente de amor que se vive, melhor, as grandes paixões que andam no ar neste tempo pré-eleitoral.

Os primeiros outdoors autárquicos são uma mensagem de amor, um amor pueril de dedos entrelaçados ou uma fotografia do noivo espetada no chão da amada, a apregoar-lhe um amor seráfico de romantismo babado.

Não há dúvida que o amor anda no ar e só faltam os sussurros poéticos que virão a seguir, fazendo crer que não iremos ter debates políticos mas sim jogos florais a enaltecer as virtudes da amada e o sofrimento que ela vive há trinta, mais oito anos.

Aliás os últimos oito anos, é bom que sejam separados, porque foram tempos de incompreendida paixão. O apaixonado, neste período, preocupou-se mais em olhar-se ao espelho, em cultivar a sua imagem e em promover os supporters do seu poder. A pobre apaixonada foi esquecida e relegada para um esconso limbo, onde às vezes era instrumentalmente revisitada.

Depois há o amor pelos independentes que emerge com violência nestas alturas. Durante anos são perigosas criaturas mas de repente, em tempos de eleições, passam a ser os melhores, seres superiores, como que provando que os partidos não passam de árvores secas sem frutos capazes para os necessários combates políticos.

Diz-se, mesmo, perante a escolha desses independentes, que só se escolhem porque são os melhores, dignos, como tal, de acrisolada paixão e demonstração de que quem quer ter sucesso político não se deve filiar em partidos.

Também nesta altura surgem os pregadores da paz e do amor que, vivendo anos de silêncio e de sábia sementeira da cizânia, aparecem como verdadeiros juízes de paz a apregoar o amor e a distribuir bênçãos aos que silenciosamente digam que sim.

Este é um tempo verdadeiramente mágico, que opera maravilhosas transformações e que até leva, por razões de amor e paixão, ao evangélico disfarce de grandes amorosos que se metamorfoseiam em inimigos, num jogo de superior hipocrisia política. Eles apoiaram-se nas horas difíceis, deliciaram-se em suaves momentos de ternura, nadaram nas mesmas águas, fizeram ternurentas declarações de amor e agora é vê-los representarem, com voz grossa e sobrolho franzido, ódios fingidos. Até, surpresa das surpresas, surgem generosos políticos mendicantes que se esfalfam junto do povo, da arraia-miúda, sacrificando fins-de-semana e orgulhos aristocráticos, para pedir o apoio necessário ao castigo do mau que era bom e que, depois de amoroso companheiro, se tornou, num dia de triste memória, em odiado inimigo porque lhe recusou o ambicionado óbolo político.

Meus caros amigos é tempo de férias. Por favor plantem-se na areia, ou debaixo de uma árvore, e leiam Tolstói ou Ian McEwan. Escolhas bem diferentes, é verdade, mas leituras enriquecedoras. Ficam duas sugestões: Guerra e Paz ou O Fardo do Amor e verão como ficam melhor preparados para entender as paixões avassaladoras que por aí pululam. Já gora, não esqueçam de arranjar um álbum de recordações para mais tarde recordar. Boas férias.

Coimbra, 21 de Julho de 2009 João Silva